domingo, 13 de junho de 2010

Vira-lata

Minha vida é cor
Bolsa verde, alma branca,
Unhas rubras e um negro caminho.
Minha bolsa verde exército
Tem pompas e condecorações
Nada fiz para tê-las
Comprei-as somente
Serviu-me bem
Alimentou meu "eu" ultilitário consumista
Oriundo dessa socidade já capitalista.
Minha Alma branca
É lívida, transparente
Herdada de minha tão crente mãe.
Minhas unhas vermelhas
São representações gritantes
Da personalidade despudorada,
Do sangue disparado nas veias.
Hemáceas descontroladas
Queimam o frio corpo, o pulsante coração e a alva alma.
Meu caminho negro escureceu quando aprendi a andar
Caminhei sem destino
Nunca soube onde pisei
Em pontiagudas pedras cortei-me
A água suja encardiu-me
Espinhos envenenaram-me
E nada aprendi
Isso sei e só.
Muitas vezes ainda hei de me machucar
Mas minha ânsia de um dia chegar
É infinitamente maior
Que qualquer dor por mim sentida
Então sigo este percurso sombrio
Com meus pés em viva carne imunda
Deixandas pela estradas finos rastros de sangue
Que escorrem de minhas rubras unhas.

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