segunda-feira, 14 de junho de 2010

aMaZiNg

            Parece-me uma eternidade
Duas horas de espera
        O relógio é anti-horário
 Lentamente arrebatador 
     Sinto pois o pulso, sim, ainda pulsa.
                   Um, dois, três...
        Não tenho paciência para contar
                    Nas veias o sangue
Apostam corrida, novamente as hemácias descontroladas.
                Um infindável percurso cíclico.
      Enquanto as luzes dos carros me cegam
  Penso que não há sequer
Um glóbulo de sangue bem-sucedido neste pífio corpo
               Pessoas caminham ao meu lado
          Me invadem, me ferem com sua indiferença
Não me enxeragam, sinto-me expectral.
           À minha frente a cerveja esquenta na noite fria
   Entre os dedos, o cigarro fiel.
          Distraio-me segundos com a fumaça
Segundos eternos.
     Observo mesas e cadeiras
          Amarelas e vermelhas
          Uma combinação bizarra
Quem liga!?
Bares são todos iguais
    Em rubras faces alegres
    Ébrios olhares cortejantes
           Pessoas desiludidas
   Uma ou outra, desilusão em pessoa.
   Buscam remédio para a mal do século
        Sinto dizer:
    Aqui se encontra o vírus.
        Sinto saber:
    Estou contagiada
           Minha espera finda
Não espero nada mais
           Levanto, titubeio, caminho.
A faixa contínua entre as pistas me hipnotiza.
                                      A estrada é tão escura.

Um comentário:

  1. Levanta-se para um destino incerto, para a morte talvez... Realmente, 'cigarro fiel' para o solitário.

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