sábado, 3 de julho de 2010

PADAM...PADAM...

Me sentir perdida é vitória diária,
Neste sentimento floresce
Súbita vontade de encontrar-me.
Em um labirinto de monstros atraentes
Almejo estar, Implorando por adrenalina.
Ouvi dizer:
Existe não sei o quê,
Dentro de um baú,
No meio do nada.
Que desde então é alvo da minha busca
Nesta minha inexistência
Vou atrás de sonhos minímos
E grandes pesadelos.
Em carne nua vivo meu prazer sem culpa,
Aguardando morte tardia.
Nos meus próximos cem anos
gozarei de amores conturbados,
Beberei todo o wisky do mundo,
Direi frases incautas,
Terei outros corpos exclusivamente meus,
No instante do "estar".
Miséria, preconceito, ganância,
Jamais existirão em meu pleno futuro.

2 comentários:

  1. Ótimo! Gostei dos corpos, do perder-se e encontrar-se.

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  2. Diatópico
    Algumas palavras em segredo: o corpo não mente! O corpo não mente! O Corpo não, Mente! Fizeram-me acreditar por muito tempo que o corpo era habitação da mente. Mas o corpo não mente! Instaram por convencer-me que se desse de ombros o suficiente minha mente não mais sofreria os outros corpos que são (d)eus. Agitar o corpo não me faz mentir à mente! Deveria, como bem o disseram - e tanto melhor o fazem! Mas meu corpo não mente. Meu corpo faz-me ver o que pretensa-mente vêem, mas sem enxergar. Fez-me ouvir o que ouvem, sem escutar. E ao ver e ao ouvir, falar já não é desafio. Desafio É tocar. No toque vão mais que músculos e ossos a se movimentar. Estão embebidos corpo e mente numa escolha sincrônica. Aqui há um segredo dentro do segredo. Pois falar sem corpo, fala-se à mente. Mente que mente, mente si mesma. Arredia ao tocar por desacreditar o corpo. For-matar o corpo. O corpo é meu? Mente. O corpo é teu? Mente. Neste reino de tristes aleg-o-rias o corpo fez-se dor-mente. Desperta ao meu toque! Eu te EVOCO! Desmente. Suplico-lhe, desmente! E que um novo empírico seja teorizado. Mas teoriza-se pela mente? Só pela mente? No ment(ir) teoriza-se a vida. E só a mente vai. Só. Toca sem mãos ninguém. Ninguém vive, ninguém morre. Não há rima. Conhecimento assim é isso: cimento. Empareda vivo o conhecedor.

    ...Mas meu orientador disse: "caso não seja do seu agrado, por favor sinta-se à vontade para ser orientado por alguém mais próximo dos teus interesses acadêmicos, isto é, que goste de elucubrações teóricas sem um pé nos dados empíricos..."

    Que a natureza siga seu curso. Sua disciplina. Não questione a tradição. Cólon-ize com a mente o empírico. E com um pé (só um?) esmague a verdade: Mente! Meu grito, grita-o o corpo. Mas, por mais alto que seja, não reverberará por um coração sequer. Ele deverá, ao gosto do doutor, ser para a mente. E como fico? Pois vejo, toco e sinto... E sei, também por mente, que a trajetória traçada em todas as salas falas salas me afasta do uso deste tocar, sepultado na liberdade de expressão. Ment-ira! Escorre, supita, borbulha, encontro-me corpo em ira! Irás fazer-me companhia? Eis outro segredo: o que faço não é teoria... É toque num empírico. É empírico de fato! Mas as mãos que tocam este empírico jamais formadas de todo (com garras? Jamais!) estarão.

    A mente fixou o texto. Mas o corpo não se fixa, segue. O conceito fixou a palavra. Mas o sentido não se fixa, segue. A tela fixou o signo. Mas o símbolo não se fixa, segue. Encontraram num agora que é este uma morada de ciganos. Encontraram numa atitude que é esta um pre-texto para ser. Para que eu possa ser, minto ao contrário. Enervo o que ainda há de nervos nas cadeias de fatos. Interesses acadêmicos? Não os tenho nenhum. Meus interesses são endêmicos. E se habitas em meu oikós corpóreo, prepara-te! Meus toques desmentem a velhacaria com ranço de sabedoria.

    Me agrada não haver meio termo: Mentir o corpo, ser de-mente, ou ser da vida, corporalmente.

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