quinta-feira, 3 de junho de 2010

Na cama de gato em que me deito
Há novelos, areia, muita merda
Meu gato tá descalço
Eu uso suas botas
Emaranhados no envolto de lã
Mais fugimos, mais presos estamos
O gato, com seus gigantes olhos a me observar
Á zombar de mim
Chamando-me fraca
No desespero da superação
A areia derrete ao calor do meu corpo
Trasmutando em vidro ao contato com o gélido coração
Mesmo com a botas, firo os calcantes
Chagas profundas
Nunca cicatrizarão
Ademais não desisto
É fardo oneroso
Mas tenho obrigação hereditária de vencer
Amputo meus pés
Chego ao fim me arrastando
Grasnindo sozinha
Com a face suja da merda
Do gato que se foi.

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