Na cama de gato em que me deito
Há novelos, areia, muita merda
Meu gato tá descalço
Eu uso suas botas
Emaranhados no envolto de lã
Mais fugimos, mais presos estamos
O gato, com seus gigantes olhos a me observar
Á zombar de mim
Chamando-me fraca
No desespero da superação
A areia derrete ao calor do meu corpo
Trasmutando em vidro ao contato com o gélido coração
Mesmo com a botas, firo os calcantes
Chagas profundas
Nunca cicatrizarão
Ademais não desisto
É fardo oneroso
Mas tenho obrigação hereditária de vencer
Amputo meus pés
Chego ao fim me arrastando
Grasnindo sozinha
Com a face suja da merda
Do gato que se foi.
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